CRHLP nº31
A saúde mental ganhou, finalmente, o espaço que merece no debate sobre o futuro das organizações. Longe de ser uma preocupação acessória, é hoje reconhecida como um pilar fundamental para o bem-estar das pessoas e para a sustentabilidade dos modelos de trabalho e de liderança.
Durante demasiado tempo, a saúde mental foi remetida para a esfera privada, encarada como fragilidade ou, pior ainda, como fraqueza. Esse paradigma está a mudar. E é essencial que continue a mudar. As organizações – e os profissionais que nelas trabalham – estão a reconhecer que o equilíbrio emocional, a resiliência e a capacidade de lidar com a complexidade são competências tão importantes quanto o conhecimento técnico ou a
experiência. Nos países de língua portuguesa, os desafios são diversos, mas o denominador comum é claro: precisamos de mais consciência, mais ação e menos estigma. Precisamos de culturas de trabalho onde se valorize o bem-estar psicológico, onde se promova a escuta ativa e onde se crie espaços seguros para falar de emoções, limites e vulnerabilidades. Porque cuidar da saúde mental é, também, cuidar da qualidade das relações humanas nas equipas, nas lideranças e na sociedade. Este é, sobretudo, um tempo de responsabilidade partilhada. Os profissionais de recursos humanos, as lideranças, os decisores públicos e privados têm hoje um papel determinante na construção de ecossistemas laborais saudáveis. Ambientes onde o desempenho e o bem-estar caminhem lado a lado, e onde a prevenção não seja uma palavra vazia, mas uma prática real e contínua. Esta edição da revista CRHLP convida à reflexão, mas também à mobilização. Porque a saúde mental não se protege com declarações de intenção – protege-se com políticas, com formação, com empatia e com coragem. E, acima de tudo, protege-se com um compromisso inabalável com as pessoas.